domingo, 20 de novembro de 2016

Não tenho a certeza de perceber aquilo que me estás a tentar dizer...






Acho que te referes a memórias
ao medo de voltar mais tarde ao mesmo lugar,
aquele lugar que não sendo apenas teu,te pertence por inteiro,
como se voltar significasse uma ousadia e afronta a ti mesma.
Lembro a infância e tu estás lá e mesmo sendo tu apenas um local,um sitio por onde andei,
és a parte passada que nunca passou.
Voltar podia significar perder-te,ver-te de outra maneira,retirar do presente aquela emoção e felicidade
que tinhas deixado em mim.
Era preciso coragem!
Era preciso resgatar nesse passado,tempo e local aquela paz e alegria da altura...
Bendita ousadia essa que me levou até ti.
Foi muito bom rever-te,recordar tudo o que me deste na altura e que o tempo que passou veio confirmar o valor que teve.
Tinha tantas saudades deles,sonhava que os tinha perdido, e procurava no presente perceber aqueles sonhos.
Passaram 20 e tal anos desde que morreram mas eu nunca aceitei o facto, no meu inconsciente encontrar-los- ia quando lá voltasse...
Não ,
 não me perdi de vocês,Papá e Mamã, vocês já não vivem lá...
Encontrei no vosso lugar a nossa vida juntos,reconheci-vos em todos os locais por onde andamos,na forma da brisa,do cheiro,da chuva e até da tempestade...
Naquela noite em que os trovões pareciam querer acabar com o mundo e os relâmpagos faziam dia,tive medo,o mesmo medo da infância...
Foi quando me pareceu ouvir-te,e as palavras eram as mesmas...
" Vá,traz lá o  teu ursinho e deita-te aqui ao pé de nós".

in "Agora pode ser"

  Nani Carvalho








1 comentário:

  1. Acho que a recordação é o perfume da alma. É a parte mais delicada e mais suave do coração, que se desprende para abraçar outro coração e segui-lo por toda a parte.;)

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