terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

É véspera de S Valentim ó pateta...







Ninguém acreditaria se lhes contasses,
falava-lhe da sensualidade dos sonhos em que entravam,
da beleza da noite e das estrelas
da lua e da magia.
Era mais um inverno frio e cinzento
daqueles que nos enfiam no sofá em tardes de domingo.
Detestava aquela sensação de inutilidade,
as musicas já não me abraçavam,
os livros que insistia em ler, contavam-me histórias já tão gastas e falsas
e até os filmes da sessão da tarde que outrora me emocionavam
pareciam-me mais ficção cientifica ou até mesmo comédia...
Procurava algum animo no que me ocorria acerca...
Não tem importância , é só hoje,
e só hoje vai passar depressa...
E passava.
Adorava a segunda-feira que chegava, a terça....e os outros,
até que chegava o Sábado ,esse que antecipava mais um daqueles terríveis Domingos.
Eu e os Sábados tinhamos um pacto,
vivê-lo intensamente até alta madrugada para que me deitasse exausta,
depois da noite no bar, da companhia dos amigos,e do pequeno almoço ás 6 da manhã na padaria da rua de trás ,
com um padeiro que cantarolava , alegre,cheio de vida e sentido de humor.
Aqui não se vende nem bagaço nem cachaça,dizia com tal graça que me despertava a remota vontade de um dia os experimentar para poder saber do que falava.
Aqui não se mente,continuava...as vossas Mulheres já cá vieram ao pão,não há como enganá-las,dirigindo-se a um grupo de quarentões com aquele ar de quem meteu o pé na argola e não pode voltar a casa sem ter um alibi.
E sim, agradecida ao meu sábado pelo que curtimos juntos,deitava-me cansada.
Este Domingo também era cinzento, frio e chuvoso,prometia por isso ser exactamente igual aos outros todos...
Não foi...
Acordei com o toque de uma mensagem,
era uma flor e uma frase...
“But in the night he woke and held her tight as though she were all of life and it was being taken from him. He held her feeling she was all of life there was and it was true.”
Ernest Hemingway
Li vezes sem conta, emocionada e incapaz de dizer fosse o que fosse,fiquei em silêncio, enroscada no meu confortável e quentinho edredon...
Lembrei-me do que dizia a poeta numa bonita história de amor ,
"não sei se isto é paixão ou amor a começar"...
É véspera de S Valentim, não é ó Pateta? Acredita!...pensei
Levantei-me num salto,liguei a musica e cantei pela casa...
"I found a love for me...
 I found a man beautiful and sweet
I never knew you were the someone waiting for me"!
Já não sei se o dia é cinzento , frio ou chuvoso,
e ser for?
 afinal que importância é que isso tem?

Nani Carvalho






segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Posso sonhar até onde quiser...






Posso chegar até onde quiser
posso até do pensamento duvidar
mas agarro o impulso a este sentimento concreto,
a esta vontade louca que me embales e segures.
 Espero que o vento não se esqueça
que esta noite me pertences,
a mim e ao meu sonho,
que teimosamente invades e te instalas,
enroscado na minha eterna ilusão...
Eu não vi ninguém fantasiado de cupido
 nem sequer sei de onde veio a flecha,
mas já tarde na noite,
quando finalmente te senti,
 pedi-te que nunca me acordasses
para que ficasse ali a sonhar-te.
Podia bem ser assim
como eu sonho e tanto queria
num abraço eu sentia
e naquele teu beijo,renascia.
Nani Carvalho






domingo, 11 de fevereiro de 2018

I'm just a simple writer...





Reparei nos corações que adornavam o bar que frequento, estava
 enfeitado de amor, vermelho, paixão, e os corações enchiam literalmente o local.
Como também era Carnaval,
 por breves segundos pensei que fosse esta a fantasia, (dress code) da festa.
Fazia sentido...
Brincar ao amor e fantasia-lo, é poder entrar naquele sonho de tão poucos e imaginar que podia bem ser o nosso.
Era o dia de S Valentim.
Numa noite gélida e chuvosa. 
O frio exterior em contacto com o calor do interior deixava os vidros baços e húmidos, ao som  da musica que  embalava  graciosamente aqueles corpos e almas.
Mesmo à  minha frente reparei num  Homem ,nunca o tinha visto por ali.
Ele era, o que se chama “um gato”, na gíria popular feminina.
Não consegui  desviar o olhar daquela silhueta sólida, serena, de contornos  sensuais e tremendamente sexy...
Com uma postura elegante e nobre, pareceu-me dono duma forte personalidade e carisma.
Cantava a musica que se ouvia com um movimento de lábios e olhar tão provocadores e insinuantes que quase incendiaram o local.
Um caçador nato, pensei.
São assim os gatos!
Aquele não era diferente...
Sempre tive fascínio e medo de gatos...
Acho-os desligados de afetos, convencidos e muito arrogantes, quase a roçar a indelicadeza, ou até mesmo a grosseria.
Apostada em jogar aquele jogo , continuei  a minha  constante ligação ao seu olhar.
No vidro grande ao seu lado, embaciado e cúmplice , desenhou um coração e sorriu-me.
Num gesto cheio de intenção e carregado de charme, ainda escreveu algumas palavras.
Àquela distância não conseguia lê-las,
desejei que a água que escorria pelo vidro não as apagasse, para que mais tarde as pudesse ler.
A musica parou de tocar, levantou-se ,sorriu-me  e calmamente abandonou o local com aquela certeza de quem sabe que o meu próximo passo será em direção à frase ali deixada.
Isso irritou-me , confesso.
"Quero-te conhec... er ", era o fim da palavra já  meia desfeita .
Lembrei-me do que me disse uma vez uma amiga sobre Gatos...
“ É verdade que os gatos têm uma forte personalidade e são muito independentes, mas podem ser  dóceis e carinhosos,
 depende de  quanto estivermos dispostas a conquistá-los”.
Não voltou aquele bar, mas se um dia voltar, eu vou “adotá-lo”.
Nani Carvalho





Fevereiro 2018













Um pensamento e o segredo...

 Um maravilhoso silêncio flutua sobre todos os meus erros mais perdoáveis, quero a emoção cúmplice dos meus versos, que me falam constanteme...