sexta-feira, 12 de junho de 2020

O jogo da lua...







Ele entendia de noites e paixões,
ela de amores e de almas,
ela tinha a doçura e a inocência,
ele o incêndio desatado
que fazia dela a queimadura.
Amor é  tudo o que te quero dar,
disse...
Ela cativa da ilusão e do segredo
sentia a sua pele enamorada.
Ás vezes ele e ela jogavam à Lua,
saltavam as sombras
e caiam na cama,
ela sem voz quando se lembra,
ele sem palavras.
E quando calada e disfarçada
 chegava a aurora
roubava as memórias
e deixava o lamento.
Ela nunca soube quem lhe roubava
 o sonho e o carinho.
Cansada e desiludida,
perdoa-me, disse-lhe,
eu só quero amar as estrelas.
A lua sentiu a falta deles,
era uma saudade verdadeira.


Nani Carvalho

domingo, 7 de junho de 2020

O Cupido e a flecha...




Tu vieste do Universo,
e eu,
eu colecionava tempestades,
foste colocado no trajeto do sol,
uma asa apoiada na brisa e outra no assombro,
trazias na mão um raio raro de loucura
que deixou sem teto a minha casa,
onde repousa calmo
 e desperto este meu sonho,
 e dorme ligeiramente leviano
 aquele beijo e a saudade.
O tempo quis deixar a felicidade,
a saudade sincera e o inferno
ao som daquele bolero
que se escapa tímido e sorrateiro
pela porta da frente do bordel.
Que gratidão essa, a das canções,
ao cupido e à flecha,
aos amantes e amores,
que arriscam com paixão
 não dobrar aquela luminosa
 e quente flecha .


Por tua causa...





Talvez seja insano sonhar com o amor,
com encontros misteriosos marcados por estrelas,
fadas ou anjos.
Que espécie de luz é esta que espreita num coração apagado?
Que um reflexo de sol proteja sempre
o rio, a floresta e o meu sonho.
Por tua causa, 
ouço sem parar
o cantar simples dos pássaros 
que confiantes põem o ninho no jardim ao pé de casa
e voam de destino em destino
procurando um milagre entre a sombra e a vida.
Por tua causa
 outros sentires não fazem eco aqui
e a despedida virou promessa.
Por tua causa
brotou espontâneo aquele instante
na noite que me mantêm abraçada à emoção.
Nunca tive na minha boca um sorriso assim.



Nani Carvalho

terça-feira, 2 de junho de 2020

Num afastar que não detive...




o prazer que sinto ao olhar-te
como se o teu sorriso me tocasse
e os teus lábios eu beijasse


na pele a doce sensação
quando me percorre a tua mão
num desejo a emoção
daquela excitante recordação

ao pôr-do-sol ou luar
com sol ou até com chuva
como se o tempo e o ar
se perdessem nessas curvas

um caminho numa estrada
um lugar ou um momento
onde estou presa e atada
e num suspiro me lamento

um som que canta o amor
que escuto e me soa a dor
do grito que preso aqui
é vontade e falta de ti

ontem foste o que és hoje
como a saudade é presente
onde cada respirar é o ar
daquele nosso beijo ao luar

no silêncio do que não disse
das palavras que não encontrei
na coragem que não tive
num afastar que não detive

Um perder de quem perdeu
um querer de quem até deu
a ti e à vida o que é meu
sem esperar nada que é teu


Nani Carvalho

Um pensamento e o segredo...

 Um maravilhoso silêncio flutua sobre todos os meus erros mais perdoáveis, quero a emoção cúmplice dos meus versos, que me falam constanteme...