domingo, 24 de maio de 2020

Queres namorar comigo?





Guardamos o silêncio
e tomamos o pulso ao que sentimos juntos,
a minha paixão e a tua guitarra
faz sorrir o meu sonho,
convidamos a lua e todas as sombras,
 o vento, invejoso,
afasta as notas e o tom cálido da melodia.
A voz carrega a fantasia,
as palavras suaves e discretas
abraçam o momento,
e eu já me sinto a namorada .
Amo as estrelas,
esta noite e a esperança,
amo o perfume que me fica a cada abraço,
amarei para sempre aquela pergunta ao meu ouvido.



sábado, 23 de maio de 2020

Um surdo rumor...





Anda por aqui um surdo rumor
a espalhar versos que dizem
que continuo à tua espera.
Se para tudo há um fim,
um copo vazio e uma última vez
fica a saber
que de entre todas as memórias
a tua perdeu-se de mim.
As coisas essenciais estavam longe do lugar,
os dias intermináveis já não têm a tua forma,
não acho por isso um bom assunto
que tenha que te pôr em todos os meus versos.
Traíste o Universo e as estrelas lá do Céu,
enganaste a cigana que sempre me leu a mão
e confundiste o meu destino.
Sabes,
estava cansada de te encontrar nas minhas nostalgias,
nos meus silêncios e cheiros guardados,
percebo finalmente que és o diabo
aceito que perdi
e assim se cumpre o tal destino,
sem que lhe fique a dever nada.

Nani Carvalho

terça-feira, 19 de maio de 2020

E nós preocupados com merdas...







Pois...
E andamos nós preocupados com merdas!💔

Um Senhor Cabo Verdiano de 74 anos com um rosto parecido com este,um olhar triste mas sábio,duma simplicidade e educação que não se encontra muito por aqui,
dizia-me...
"Sabe menina,depois da guerra eu vivi em Lisboa,fui motorista,lutei num contingente de tropas Portuguesas destacado para Guiné,esperei ter o respeito de Portugal por isso,trabalhei uma vida toda em Portugal,agora que estou velho e que já não sirvo para nada,mandaram-me de volta,sem direito a nada,vivo de ajudas numa terra que me viu nascer e à qual eu nem sei se pertenço,mas também não pertenço a Portugal, sabe,eu não pertenço a lado nenhum...
Não tenho família nem filhos,nada!
Sabe o que entristece de verdade?
é já não saber onde procurar para me conhecer , queria encontrar a minha estória.
A menina conhece o general tal? e o comandante tal???
Posso-lhe pedir um grande favor?
Se um dia os encontrar por favor pergunte-lhes se se lembram de mim...
O meu nome é Roberto...Figueiredo...
Se Eles se lembrarem, por favor volte cá e diga-me!
É que assim eu vou saber que afinal existi!

Cabo Verde 2018

Nani Carvalho

sábado, 2 de maio de 2020

Faz sozinho uma orquestra......





                          

Era um lugar onde gostava de pousar
um lugar de alma antiga,
 inteira.
Um lugar onde me despia
e sonhava em alta voz,
tanto espaço,tanto tempo,
sempre os mesmos desejos.
 Prenderam-me os olhares,
 olhares de outros tempos
que atravessaram meses,
hoje, cansados e turvos
já não sabem olhar.
A nossa musica vai morrendo a cada amanhecer
e eu aceito,
até que o pôr do sol acabou....
Isso é que não podia deixar!
Olha,
faz então sozinho uma orquestra,
fica tu com os nossos sonhos,
deixa esse maldito ego saber 
que o que conseguiste foi pouco.
 Eu irei
até um novo amanhecer
onde acordo ao som dos galos
e as emoções me deixam inteira 
ao adormecer num novo abraço.


sexta-feira, 1 de maio de 2020

Sem paraíso nem inferno...





 Devia fingir que existem outras coisas
palavras doces em novas bocas,
que um mago me devolveu a ilusão,
já não é prisioneira a minha fantasia.
Não te demores, pedi...
Procuro nas canções a ousadia 
no teu peito o meu pecado.
Detêm-te,
 ordenei à sombra,
leva daqui essa espécie de suspeita,
o leve sentir a capricho
ou a coisa de destino.
Eu sei,
 foi culpa da noite,
a lua jogava ás escondidas entre os ramos,
apeteceu-me arrancar aquelas folhas.
Não olhei para trás
mas não quero perder-te de vista
continuo sozinha e faltas-me,
arde em nós um desejo antigo
que mora naquela doce planície
e eu sem mais nenhum paraíso
nem inferno
encontro uma estrela onde morar.





Um pensamento e o segredo...

 Um maravilhoso silêncio flutua sobre todos os meus erros mais perdoáveis, quero a emoção cúmplice dos meus versos, que me falam constanteme...