terça-feira, 28 de abril de 2020

Um olhar que me incendeia...





Pedi à minha alma que te escrevesse um poema,
não sei se as minhas mãos podem acorrentar aquela noite e a Lua.
Quando me olhas como se eu também quisesse
debaixo de um imenso desejo
recordo-me dos sonhos
em que te via chegar.
Acho que foi por nós que se inventou o amor,
lembro-me do momento e da musica
e agradeço ao caminho
por nos termos cruzado
lembro-me de nós
e peço à pausa que nos devolva intacto o gozo.
peço-te um desejo
tu ofereces-me o sol
e eu devolvo-te as cores
Peço-te um desejo
ama-me com palavras e cantos de passarinhos
ama-me no suspiro e no silêncio depois...
Peço-te um desejo
faz com que os sonhos mais felizes aconteçam de verdade
 Dá-me a ilusão que vive comigo desde aquele Domingo.
Guardo
 a voz meiga e sensual
o toque da tua na minha pele.
Foi então que pedi à madrugada
o sussurro ao meu ouvido
o gemido
e o segredo.
A magia do amor escolhe sempre um lugar assim para pousar.
Deixa-te ficar
dá-me o mais doce de ti
uma eterna alegria
e o amor para sempre.

                                                                             Nani Carvalho

segunda-feira, 27 de abril de 2020

O 25 de Abril, o Mundo e o Covid-19...







Era criança quando um recolher obrigatório me fechou em casa meses seguidos,ao som de tiros e outros barulhos que nunca tinha ouvido e nem conseguia identificar,era criança quando de repente e do nada, me tiraram do lugar onde vivia e onde era tão feliz.Era adolescente quando vi a intolerância e falta de solidariedade para com aqueles que sendo Portugueses, vieram para o Continente e deixaram para trás o fruto do seu trabalho de toda uma vida .
Era adolescente quando finalmente me conciliei com aquele sentimento de perda e injustiça.
Era grata a todos aqueles que durante anos deram a vida a tentar segurar um lugar que não era nosso e que isso custou muito sofrimento .
Revoltei-me quando consegui entender que quem nos devia proteger nos abandonou à nossa sorte.
Era adulta quando numa viagem ao Senegal fui visitar a Ilha de Gorée em frente a Dakar e o guia turístico contava ao grupo composto por várias Nacionalidades que aquela ilha era o símbolo do tráfico de negros, um dos maiores centros de comércio de escravos do continente, a partir de uma feitoria fundada pelos Portugueses.
Já sabia desse facto pela História,mas agora estava ali, vi, e senti vergonha!
Percebi então que a história do Mundo até aqui era uma soma gigante de erros graves!!
Já era adulta quando me reconciliei com todos estes erros e me dei conta que era a nossa vez...a nossa geração tinha agora a possibilidade de deixar para a história que será lida pelos nossos netos , bisnetos e seguintes de como fomos capazes de fazer do Mundo um lugar mais amigável, justo e digno.
Passaram então 40 décadas...
Percebo agora que não só não fomos capazes como fizemos do Mundo um lugar ainda pior,destruímos o Planeta, criamos uma nova versão de escravatura, aquela que mantêm crianças dependentes de horas de trabalho infantil por uma malga de arroz diária, que maltratamos os animais , que não protegemos e cuidamos com amor dos nossos idosos, que deixamos morrer milhares de refugiados no alto mar, e pior, sem que isso nos pareça afectar...
Que tudo o que fizemos desde então foi em função do beneficio económico, ter mais coisas,cada vez mais, em vez de SERMOS mais,mais, muito mais...
O que me deixa agora um sentimento de frustração,de falhanço total ,de incompetência ...não aprendemos nada com a História,não serviu para nada a quantidade de seres humanos que morreram em guerras feitas por quem se acha acima de Deus e dono do Mundo!!!
Até que, sem que de outra maneira nos tivéssemos dado conta,vem a lição que o Mundo há muito devia ter aprendido.
Quem sabe ainda vamos a tempo de nos reconciliarmos com as nossas falhas e agora sim, termos a derradeira oportunidade de reconstruir o Mundo!!!
Entretanto eu, sem mais forças, desiludida e cansada,refugio-me na Poesia e cito o poeta...
"Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, nem sei
E que a minha desilusão seja perdoada
porque metade de mim é amor
E a outra metade também"

Abril 2020

Nani Carvalho

sábado, 25 de abril de 2020

Sem fôlego ...



É assim o paraíso,
as cores são as palavras
 e a beleza os sentimentos.
Há uma ponte entre dois olhares,
dois olhares que se aconchegam.
O amor toca-me a pele através do sol
como quem toca por engano à minha porta,
 é até possível que apareça um grilo
que cante e junte as sílabas que expliquem isto.
Parte,
 mas deixa-me a memória
do seu modo de ser mar e de ser ar
de ser adeus e nunca mais.
 Que me acabe esta asfixia de respirar
com o pulmão do outro.
E eu
 para falar preciso ter voz
e para ter voz é preciso ter ar...
Queria poder ter dito Adeus.




quinta-feira, 23 de abril de 2020

Vivemos vadios...





Quem espera traz uma esperança antiga
de calma tão profunda e simples,
não há palmas saudando a passagem vitoriosa do melro,
 tristeza ao ver morrer intensos poentes
nem alegria que receba a dura aurora.
Vivemos melhor vadios,
o nosso riso andará livre sobre os rios e os pássaros.
Contemplo de um lugar secreto
o esquilo misterioso
o fogo sobre a noite
a fantasia das cidades.
Queria fazer-me pequena
e caber naquele ninho.
A desistência resiste,
por via das dúvidas 
 escondo-a em poemas
coleciono letras, musicas e palavras
na tentativa de habitar
este presente no meio do bolor.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Era Verão...





Espero que o sol volte e me devolva a poesia
nesta absurda vontade de ti,
era tudo tão simples quando te esperava
com que lábios ou palavras é possível
estar assim tão perto do fogo.
Ocupamos de amor todas as noites e o verão
fizemos de emoção cada sopro ou suspiro,
ás vezes o que queremos 
 perde-se,
os sonhos encontram outras noites e novos travesseiros,
aquela doce luz e a vela tremem,
o som apaga-se,
e o silêncio é agora o meu triste poema.

Nani Carvalho

in "nem tu eras para tanto...nem eu para tão pouco"



um dia os caminhos se cruzam ...



É preciso conversar ao longo dos caminhos, 
captar o som das palavras quando ditas
e das almas quando juntas.
Naquela noite envelheci,
espreitava nos meus olhos uma lágrima,
o silêncio decretou a obediência do vento 
e a vassalagem das estrelas.
Uma folha desprendeu-se de alguma árvore,
umas vezes pousam na água,
outras no Outono.
 As Primaveras deixaram de parar à minha porta,
a tua casa já não fica entre a minha  
e a do meu vizinho
e eu deixei de ser perfume e chama,
mas haverá sempre amor nas alamedas
e tocará sempre aquela musica .

Nani Carvalho

in "nem tu eras para tanto,nem eu para tão pouco"




Um pensamento e o segredo...

 Um maravilhoso silêncio flutua sobre todos os meus erros mais perdoáveis, quero a emoção cúmplice dos meus versos, que me falam constanteme...