quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Se o teu tempo, ficasse no meu...

Posso ver-nos velhinhos

no alpendre da casa junto ao lago,

à volta, 

a natureza verde e a esperança.

Sentados lado a lado,

olhamos o horizonte  com a mesma emoção de outrora,

nada mudou.

Nem sequer  a musica que toca agora.

Já faz frio aqui,

o barulho da lenha que arde,

o sabor do vinho que gostas,

e o brinde a cada fim de dia.

Todos os dias aquele momento sagrado,

a tua mão na minha mão,

 abraçados debaixo da manta de pura lã.

Dizes-me um segredo ao ouvido,

há anos que me dizes o mesmo segredo,

e de todos as vezes , como se fosse a primeira.

Em ti amarei para sempre,

esse teu jeito sedutor e atrevido,

as palavras que encontras e me desafiam.

Olho-te,

 e percebo que não tens tempo a passar,

beijo-te e e sinto como lá atrás

quando tudo começou,

 intacto .

Leio-te,

como aprendi a ler a poesia,

num misto de emoção e prazer absoluto,

fazes amor com as frases e a tua natureza,

falas  do mar e da lua 

como se em tempos tivessem sido amantes.

Vejo-me,

a estrela e o barco que chega,

ancora no cais e ali fica,

até que parta de vez.

Merecíamos esta viagem juntos,

 eu se pudesse,

pararia o tempo neste instante.

Adoro-te, 

dizias, a cada novo anoitecer,

era amor,

mas tu não sabias a palavra.

Amo-te,

dizia eu a cada amanhecer,

era um Adoro-te,

a que juntava esta imensa felicidade.


Nani Carvalho

in : Fica"














 

 

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Deixamos a musica a tocar...









Do terraço, em frente a ponte,

descansam sobre o rio, a cidade ,a noite e a lua,

faltavam as estrelas,

não notamos,

havia o sonho,as mãos e o sorriso.

Olhávamos incrédulos a emoção que nascia.

Depois um cigarro,a pausa e o som:

"quem vem, e atravessa o rio"...

A minha sombra abraçou a dele,

  dançamos,

aproximando todos os desejos,

não faziam falta as palavras,

tocava-me a sua mão,

enquanto me oferecia um segredo ao ouvido.

 O que era aquilo,

de tanto e tão intenso?

Saímos inteiros,

com canções de amor e cheiro de pele,

com a saudade no beijo,

e a despedida no olhar.

A música continua a tocar,

ouve-se à distância das cidades,

 mas perto das memórias.

aquela lua ficou nossa,

havemos de lá voltar...


Nani Carvalho


in : "Fica"










 

 

domingo, 18 de outubro de 2020

Alguém me ofereceu o sol...





Agosto,
há dois, que nunca vou esquecer
aquele em que nasci
o outro em que te conheci…


Alimentava-me da fantasia,

da magia e do luar,

via-te aparecer em todos os sonhos 

e ainda sem saber que existias

desejava-te como se deseja o impossível


De tanto sonhar-te

De tanto viajarmos juntos

Pelas estrelas e universo

  pelas noites e madrugadas,

Atraí-te !


Era um fim de tarde de Agosto

Daqueles amenos, 

que anunciam o verão a terminar,

que nos envolvem em recordações

 de todos os outros, passados...

Esperava o por do sol que se alinhava no horizonte,

passava páginas e via fotos…

No preciso momento ,em que o sol se deita sobre o mar,

vi-te!

Olhei-te como quem olha o amor,

via o sol desaparecer,naquele breve abraço ao mar,

e desejei , também eu te poder abraçar.

Que intensidade é esta,pensei...

Lembrei me ,

Eras tu ,claro!

Eras tu ,o que vivia em todos os sonhos que tinha,

eras tu, o dono de todas as minhas fantasias,

eras tu, 

as minhas noites e todas as madrugadas,

A minha luz do luar, 

eras tu!

Anoitecia,

 fiquei ali quieta e em silêncio,

nenhum movimento ,

nenhuma palavra,

nenhum respirar, sequer,

apenas um longo e delicioso suspiro

que me saiu da alma,

eras tu…

Sorri,

  nunca um sorriso foi tão genuíno,

enamorada daquele momento,

sem capacidade de reação,

Ouvi uma voz doce e calma :

-Toma, é teu!!!

Guardei-o dentro de mim,

pareceu-me o único lugar seguro,

 levei-o comigo,

na Lua que aparecia ,

 num amor que ali nascia.

Nunca a vida,

 me tinha dado tão belo presente.



Outubro, 2020-10-18

Nani Carvalho

In  : “FICA”



Um pensamento e o segredo...

 Um maravilhoso silêncio flutua sobre todos os meus erros mais perdoáveis, quero a emoção cúmplice dos meus versos, que me falam constanteme...